No universo político, há algum tempo atrás, nem sempre quem vencia as eleições assumia o respectivo cargo para o qual fora eleito.
Em Camocim, situação semelhante ocorreu por ocasião das eleições municipais de 1936, no contexto do Era Vargas que, por força da Revolução de 1930, desde este ano comandava o país de forma ditatorial, provisória e depois constitucional, com eleições presidenciais marcadas para 1938.
Contudo, como a historiografia registra, em 1937 foi dado um golpe de estado, dentro do golpe de estado de 1930 e instituído o Estado Novo. As eleições então ficaram sem efeito, visto que os parlamentos foram extintos e os prefeitos passaram a ser nomeados pelo Governador do Estado.
Outrossim, antes de golpe de 1937, as eleições de 1936 transcorreram normalmente e as campanhas políticas tomaram conta do cotidiano dos municípios.
Em Camocim, que naquela época pertencia a 25ª Zona Eleitoral, disputaram as eleições o Partido Social Democrático (PSD), Partido Republicano Progressista (PRP), Liga Eleitoral Católica (LEC) e o Partido Integralista.
Inclusive, nesta eleição, a oposição, através do Partido Social Democrático (PSD), venceu a situação no pleito eleitoral, tendo à frente o Sr. Francisco Ottoni Coelho (que dá nome a uma escola de Camocim).
O PSD venceria os governistas em outros 22 municípios cearenses. Dos 1.294 votantes naquela eleição, o PSD recebeu 621, o PRP 608 e o Partido Integralista, 65 votos. Francisco Ottoni Coelho venceu as eleições com a diferença de parcos 13 votos, mas não assumiu.
Em 1936, o prefeito em exercício era João da Silva Ramos (que dá nome ao CEJA de Camocim) que, com o golpe de 1937 continuou no cargo como prefeito nomeado até 1944.
Restaurada a normalidade democrática, Francisco Ottoni Coelho foi eleito novamente e comandou o Poder Executivo Camocinense entre 1948 a 1951, quando ocorreu o rompimento entre as famílias Coelho/Veras x Aguiar.
*Professor, Historiador, Escritor Camocinense e Editor do Blog Camocim Pote de Histórias