Os jovens nascidos na era do streaming acharam um brinquedo mais divertido do que ficar ouvindo as playlists do Spotify.
Essa turma vem descobrindo o prazer de ouvir música no formato de fitas cassete, algo que ajudou a tirar da tumba um negócio que parecia enterrado para sempre há décadas.
Segundo estimativas recentes, as vendas do produto quintuplicaram no mundo nos últimos anos.
Artistas contemporâneos passaram a lançar seus álbuns também nesse formato, junto com versões em vinil (o revival dos LPs foi uma espécie de prenúncio da onda que trouxe de volta os K7).
Alguém poderia imaginar fãs ouvindo as novas músicas de Taylor Swift em fita cassete? Pois é… Além dela, artistas como Kendrick Lamar, Billie Eilish e Dua Lipa, entre outros, também começaram a fazer o mesmo.
Parte do público que ressuscitou o negócio é movido pela nostalgia, mas é inegável que o impulso maior veio de consumidores que nasceram na era digital.
Cenas com o herói Peter Quill ouvindo música num walkman nos longas da franquia Guardiões da Galáxia ajudaram a criar uma onda de curiosidade em torno do negócio — o próprio ator que interpreta o personagem, Chris Pratt, protagonizou um vídeo publicado no X (ex-Twitter) da Marvel explicando o funcionamento da máquina.
Claro que a indústria não perdeu tempo. Há hoje em sites de e-commerce uma série de versões de walkman à venda. Séries como Stranger Things e 13 Reasons Why também contribuíram para conectar a Geração Z a esse mundo analógico.
Por fim, há o apelo de experimentar o fetiche de ter em mãos o produto físico, algo muito mais divertido do que “possuir” uma coleção de músicas perdida em alguma nuvem. Trata-se de um universo também com desafios para os mais jovens. No vácuo da onda do revival das fitas cassete, começaram a surgir no YouTube e nas redes sociais vídeos mostrando a dificuldade dos consumidores em lidar com os antigos equipamentos de som com tape-deck.
Muitos não sabem nem por onde começar, desconhecendo a maneira certa de inserir o K7 no tocador. Aqui um exemplo que circula na internet a respeito dos perrengues da Geração Z com a tecnologia retrô:
Na indústria automotiva, já há quem aposte no lançamento de carros trazendo da linha de montagem novas versões dos velhos toca-fitas.
O mais engraçado efeito da onda seria o de impulsionar daqui em diante as vendas de canetas BIC, equipamento essencial para rebobinar fitas K7 que, por algum defeito, tinham ficado enroscadas e amassadas dentro do equipamento de som.
Por Tadeu Nogueira (com Veja)