Um estudo inédito divulgado no último dia 25 revelou dados alarmantes sobre a presença de nicotina no organismo de pessoas que fazem uso de cigarros eletrônicos, os vapes: níveis até seis vezes maiores do que em fumantes de cigarro tradicional.
A pesquisa foi realizada pelo Instituto do Coração (InCor) do Hospital das Clínicas de São Paulo, em parceria com a Vigilância Sanitária do Estado. Os maiores níveis de nicotina circulante estão associados a um risco elevado de dependência química.
Achados do estudo A pesquisa buscou avaliar diferentes aspectos sociais e sanitários envolvendo usuários de vapes, com questionários e exames laboratoriais.
Ao todo, foram ouvidos 417 usuários de cigarro eletrônico, que posteriormente tiveram seus níveis de nicotina dosados em amostras de saliva.
Em média, quem fazia uso do cigarro eletrônico há apenas um ano teve índices similares de nicotina no sangue aos de fumantes de longa data — pessoas habituadas a consumir até 20 cigarros por dia nos últimos 25 anos.
Em algumas situações, a comparação foi até pior para os usuários de vapes, chegando a teores seis vezes mais elevados da substância. O estudo demonstrou que 60% dos usuários de vape já tentaram parar de utilizar o dispositivo, mas não conseguiram interromper o vício.
A maior presença de nicotina e a propensão à dependência, mesmo com pouco tempo de uso, estariam associadas à forma como os dispositivos eletrônicos fazem a entrega de nicotina ao usuário, de forma muito mais eficiente do que em um cigarro normal.
Em abril deste ano, a Anvisa manteve o banimento ao comércio de dispositivos eletrônicos de fumar (DEFs) no país, um posicionamento que está em vigor desde 2009.
No entanto, a falta de fiscalização concreta sobre o assunto fez com que o uso disparasse entre os brasileiros a despeito da proibição, começando a gerar impactos que agora passam a ser percebidos na saúde pública.
Por Tadeu Nogueira (com Veja Saúde)