segunda-feira, 20 de janeiro de 2025

CAMOCINENSES "INVISÍVEIS"

Por Tadeu Nogueira 

Quando jovem, pessoas que eu via andando pelas ruas do centro, moradores já antigos de Camocim, que tinham à época por volta de 40, 50 anos de idade, hoje vejo muitos com 70, 80 anos. 

Se antes tinham filhos ou eram solteiros, hoje são avós, bisavós. 

São homens e mulheres que parecem "invisíveis" aos olhos de uma juventude cada vez mais atrelada à tecnologia das telas ou à pressa sem razão de existir. Por que tanta correria? 

Se antes o tempo se arrastava na Camocim de outrora, hoje ele é alvo de críticas por ceder apenas 24 horas por dia aos reclamantes. Ironicamente, nunca deixou de ser 24. 

Sobre nossos matutinos andarilhos, quase todos ainda guardam o costume de levar para casa a "mistura" do dia, o pão quentinho, um pano de prato novo ou simplesmente o ir e vir sobre calçadas cada vez mais raras e perigo do trânsito.  

Esse costume bem interiorano está sumindo junto com seus adeptos, seja eternamente ou por alguma doença grave. Essa geração está nos deixando e com ela também está sumindo valores que deveriam seguir pautando nossas vidas. 

Além de "invisíveis", muitos não são mais ouvidos. "Não se adequam" mais ao tal modo moderno de viver. Se falarem, serão ignorados. A experiência de uma vida inteira é sufocada. 

Falta respeito, sobra intolerância. 

Amanhã eles sairão novamente às ruas. Agora com o agravante do início das chuvas, com pisos escorregadios. As quedas são obstáculos a céu aberto nessa época. 

Mas nada segura essa brava gente, nem mesmo essa "invisibilidade".