terça-feira, 25 de fevereiro de 2025

CAMOCIM DOS BLOCOS, APITOS E MARACATUS

Por Tadeu Nogueira 

Entre os anos 1960 e final dos anos 1980, as ruas de Camocim se enchiam das cores e alegria dos blocos carnavalescos locais. 

Moradores aguardavam ansiosos pelas fantasias e coreografias preparadas com esmero para cada período momino.  

Nos idos de 1980, eu era fã de um bloco em especial, os Marítimos. 

Os componentes caprichavam no branco como cor predominante.  

Minha espera maior era pelo Seu Saraiva, responsável por abrir o desfile com seu indefectível apito e uma espécie de bastão com o qual orientava os demais brincantes. Seu uniforme era impecável. 

Certa vez, penso que no final dos anos 1970, contrataram o famoso Maracatu Az de Ouro, direto de Fortaleza, para desfilar na Rua 24 de Maio. 

Os movimentos eram perfeitos. A sincronização da dança com o som dos instrumentos  deixou o público boquiaberto. Valeu cada gingado. 

Segundo nosso Historiador Carlos Augusto P. dos Santos, além do Bloco dos Marítimos, Camocim já teve em suas ruas o Bloco do Treco (foto), as Odaliscas do Rei Salomão, o Vai-quem-quer, Não dô Cavaco, o Bloco do Zorro, Bloco dos Sujos, Os Intocáveis, o União, Zombando do Azar, Os Bambas do Passo e muitos outros. 

Durante quatro dias, Camocinenses das mais diferentes classes sociais dividiam um só espaço para festejar o evento mais democrático de nosso país. 

Tudo isso virou lembrança, muito embora, ainda hoje, vez por outra, penso estar escutando o apito estridente do Seu Saraiva abrindo o desfile dos Marítimos.